É com muita preocupação que a classe médica tem discutido a postura de determinados grupos sociais em “contra-indicar” a vacinação, especialmente nas redes sociais através de notícias falsas. Trata-se de uma irresponsabilidade sem precedentes, pois a falta de vacinação gera riscos não apenas para aqueles que se recusam a vacinar, mas para toda a população contactante, especialmente os familiares.
Graças à disseminação da prática de vacinação, nas últimas décadas, houve uma queda drástica no número de doenças infecciosas que costumavam matar milhares de pessoas, como coqueluche, sarampo, rubéola, poliomielite, tétano, difteria, dentre outras. Isso porque a maioria das doenças que podem ser prevenidas pela vacinação é transmitida de pessoa a pessoa, por meio da tosse ou fala, e por meio de objetos contaminados pelo doente. Ou seja, são doenças de disseminação rápida, fácil e letal.
Segundo dados de 2008 da Organização Mundial de Saúde (OMS), 106 milhões de crianças no mundo estão imunizados contra as principais enfermidades infantis. Mas, apesar do grande volume, a OMS destaca que 24 milhões de crianças ainda não tiveram acesso a essas vacinas.
A vacinação é considerada, pelos especialistas, como um dos principais avanços na saúde pública mundial, evitando pandemias e garantindo adultos mais saudáveis.
As vacinas são fabricadas pelos próprios microorganismos causadores das doenças, que estão mortos ou enfraquecidos (atenuados), porém, são capazes de estimular o sistema imunológico a produzir células que reconhecerão a doença a tempo de não permitir a sua instalação, em função do estímulo prévio. Tais células são chamadas de anticorpos. A vacina funciona como um grande fortificante do sistema de defesa do organismo, podendo ser administrada via oral ou injetável.
É importante ressaltar que todas as vacinas tem a sua segurança testada de diversas formas, sendo controladas por inúmeros órgãos regulatórios, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.
O Brasil possui um calendário vacinal oficial, criado pelo Ministério da Saúde, onde as vacinas são ofertadas para todos a custo zero, especialmente até os 05 anos de vida. Logo ao nascer, até o trigésimo dia de vida, a primeira vacina indicada é a BCG, que previne contra as formas graves de Tuberculose. A partir daí, são indicadas uma série de outras vacinas, também ofertadas pelo Sistema Único de Saúde- SUS, como Hepatite B, Coqueluche, Paralisia Infantil, Meningite, Sarampo, Catapora, Rubéola, Tétano, Hepatite A, HPV, Rotavírus, dentre outras.
A primeira vacina utilizada na história foi para a varíola, em 1800. Em 1980 ocorreu a erradicação mundial dessa doença. Outra doença que foi erradicada das Américas, Europa e Oceania foi a poliomielite. Entretanto, ainda existem casos da doença na África e na Ásia, o que motiva o Brasil, apesar de não ter casos da doença desde 1989, a manter a vacinação. Várias doenças foram controladas com o uso da vacinação, pois ocorreu uma redução muito grande do número de casos, mas não foram ainda consideradas como erradicadas, como sarampo, difteria, rubéola e meningite por Haemophilus influenzae tipo b. Nas últimas semanas, em função da não cobertura adequada da vacinação para Sarampo, surgiram casos da doença na região Norte, o que fará com que o Brasil perca o status de país livre do sarampo, status este adquirido no ano de 2016.
Portanto, fica claro e evidente a importância da manutenção de uma vacinação completa nas nossa crianças, jovens e adultos. Não levar em consideração crendices populares ou boatos sem fundamento que visam, unicamente, conturbar a vida das pessoas de maneira irresponsável e covarde. Hoje o Brasil é reconhecido internacionalmente pelo seu vasto programa de vacinação gratuita, não havendo desculpas para as pessoas que se negam a vacinar seus filhos, sob a ótica de falta de recursos. Tais pessoas devem responder criminalmente por expor nossas crianças ao risco de morte e por expor a sociedade brasileira à disseminação de doenças extintas ou quase extintas. Vamos disseminar a ideia de que a vacinação é necessária e possui importância ímpar na manutenção da saúde dos brasileiros !!!
Dra. Sandra Castello Branco L. Cavalcanti
CRM/BA 12.543
Graduada em 1995 pela Universidade Federal da Bahia