Um casal de lobos-guará deu à luz a dois filhotes da espécie na quarta-feira (14), no Parque Vida Cerrado, no oeste da Bahia. O nascimento das irmãs Tangerina e Bergamota é parte importante do trabalho de conservação da espécie, ameaçada de extinção.
Esse é o sexto nascimento da espécie no parque, o único centro de educação socioambiental da região, que também conta com outros sete lobos adultos.
O lugar abriga um criadouro conservacionista e um centro de excelência em restauração do bioma Cerrado há 16 anos. O parque desenvolveu um protocolo inédito de reabilitação de lobos-guarás em área agrícola, realizado sob supervisão do ICMBio, e em parceria com a ONG Jaguaracambé, Projeto Sou amigo do Lobo e Projeto Ritmos da Vida.
Os pais, Elke e Vitor, lobos de 7 e 11 anos, foram pareados durante o mês de fevereiro, quando passaram a se conhecer melhor. “Vitor foi o primeiro lobo-guará nascido no Parque, e Elke foi uma filhote resgatada órfã, em 2016. Tivemos a oportunidade de ver o instinto paterno e protetor que eles têm demonstrado”, disse Rafaela Azzolin, bióloga responsável pelo local.
A gestação de Elke foi considerada de sucesso tanto pela saúde da mãe quanto dos filhotes após o nascimento. Para que isso aconteça, a equipe do parque precisa lidar com alguns desafios.
“É preciso começar pelo processo de pareamento entre os lobos, o que só é possível durante o período reprodutivo, que acontece apenas uma vez por ano, por poucos meses. Uma vez realizada a copulação (relação sexual), é preciso um acompanhamento, já que a primeira gravidez costuma ser considerada de risco. Após o nascimento do filhote, é preciso verificar a adaptação da mãe, que pode ter dificuldade para amamentar ou se conectar com a ninhada”, explicou Rafaela.
Até o momento, 20 lobos-guarás já passaram pelo Parque Vida Cerrado, fundado e mantido pela Galvani Fertilizantes, e que hoje conta com 24 animais de oito espécies diferentes, sendo cinco delas ameaçadas de extinção.
Cinco lobos-guará já foram soltos no total, e três continuam sendo monitorados tanto pelos institutos participantes quanto pelo Parque Vida Cerrado. O projeto analisa e propõe ações de recebimento, treinamento, soltura ou translocação e o monitoramento dos animais pós-soltura.
Depois que completarem sete meses, idade de separação dos pais, Tangerina e Bergamota serão registradas e os especialistas poderão fazer a recomendação do destino dos animais.
“Uma gestação como essa é muito importante para a conservação da espécie, e a partir do protocolo desenvolvido podemos reduzir a ameaça que os lobos vêm sofrendo ao longo dos anos”, acrescentou Rafaela.
Fonte: Redação