A policultura é a prática agrícola que consiste no cultivo de várias espécies na mesma área ou campo, seja de modo simultâneo, seja em sequência (com a rotação de culturas). A atividade é o oposto da monocultura, técnica de cultivar uma única cultura em grande escala, e gera uma série de benefícios para as plantas, para o solo e para o meio ambiente, mas existem algumas dificuldades para a sua implantação e manutenção.
A origem da policultura pode ser remontada ao início das atividades agrícolas na humanidade. Apesar de toda a tradição, a técnica perdeu espaço para as grandes produções da monocultura, principalmente em relação às grandes commodities.
Agora, com os desafios ambientais que o planeta vem enfrentando, a policultura volta a ganhar destaque como um método de produção mais sustentável e com menor impacto ambiental. Praticado em diversas partes do mundo, principalmente na produção de alimentos destinados ao mercado local, a policultura é a solução natural para vários problemas enfrentados pelo agronegócio de exportação.
A técnica reduz a necessidade da utilização de insumos, porém, requer uma análise melhor do solo, planejamento e mão de obra manual para dar certo. Existem diferentes técnicas de execução da policultura, incluindo:
consorciação de cultura — plantação de diferentes culturas na mesma linha ou campo;
agrossilvicultura — combinação de culturas e árvores na mesma área;
rotação de culturas — planejamento de ciclos de produção com plantas que requerem nutrientes diferentes de solo e assim fazem a recuperação deste;
sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF).
Benefícios do uso da policultura
A policultura tem vários benefícios na produção agrícola, entre eles:
Maior biodiversidade
O cultivo de várias culturas na mesma área aumenta a diversidade de plantas, animais e microrganismos no ecossistema. Isso ajuda a manter a saúde do solo, evitando seu esgotamento e a necessidade de investimentos para a sua recuperação por meio de fertilização artificial, além de reduzir o risco de surtos de pragas e doenças.
Melhoria da saúde do solo
Além de equilibrar o desgaste de nutrientes no solo, a policultura também aumenta o teor de matéria orgânica nele. Outra vantagem é para a estruturação do solo, já que culturas diferentes têm sistemas radiculares diferentes, e isso ajuda a quebrar o solo compactado e melhorar a infiltração de água, além de evitar processos de erosão.
Maior resiliência
A policultura pode ajudar a proteger o solo contra fenômenos ambientais extremos, como secas e geadas. Ao fornecer várias culturas com diferentes tolerâncias e requisitos, o risco de quebra de safra é bastante reduzido. Assim, a técnica ajuda a garantir um suprimento de alimentos mais estável.
Diminui a dependência de insumos sintéticos
Em um ecossistema diversificado, existem muitos predadores naturais que podem ajudar a controlar as pragas. Além disso, diferentes culturas atuam como uma barreira natural para determinadas pragas que não se alimentam delas. Esse é um processo que não ocorre nas monoculturas, em que a velocidade de propagação dos ataques de pragas é bem mais rápida.
Assim, a policultura pode reduzir a necessidade de fertilizantes e pesticidas sintéticos, promovendo o controle natural de pragas.
Lucratividade
Principalmente para pequenas propriedades, a policultura pode ser mais lucrativa do que a monocultura, diminuindo os riscos pela dependência do sucesso de um produto só e possibilita que agricultores aproveitem as oportunidades de mercado para diferentes cultivos. A policultura também pode reduzir os custos de insumos, reduzindo a necessidade de insumos sintéticos e aumentando a produtividade geral.