Christianne Ireland, filha de uma lenda da Fórmula 1, revela como sua vida mudou drasticamente após a morte do pai e como ela conseguiu se recuperar com a ajuda de um projeto social.
Christianne Ireland cresceu em um ambiente privilegiado, cercada de fama e glamour. Seu pai, Innes Ireland, foi um dos pioneiros da Fórmula 1, tendo corrido entre 1959 e 1966, e vencido o Grande Prêmio dos Estados Unidos em 1961.
Ela conta que sua infância era como “viver num circo”, pois ela acompanhava o pai nas pistas de corrida e convivia com outros ídolos do esporte, como Stirling Moss e Graham Hill.
“Stirling era o melhor amigo dele. Frank Williams aparecia e íamos jantar na casa de Stirling. Eu era colocada no carro e partíamos”, lembra ela.
“A porta de todos estava aberta, ao contrário da Fórmula 1 agora.”
Após a aposentadoria do pai, Christianne continuou levando uma vida confortável, casou-se duas vezes e teve três filhos. Porém, em 1993, seu mundo desabou quando Innes Ireland morreu de câncer, aos 63 anos.
Ela diz que entrou em depressão e começou a beber para aliviar a dor. Seus casamentos fracassaram, seus filhos se afastaram e ela perdeu sua casa em Berkshire.
Em 2016, ela se viu sem moradia e viciada em álcool. Ela acabou sendo acolhida por um abrigo para pessoas em situação de rua na cidade de Andover, no sul da Inglaterra.
“Foi como cair de uma torre de marfim”, diz ela.
“A partir das 8h da manhã, tinha que sair do abrigo. Não sabia viver nas ruas. Não conhecia ninguém.”
Foi nesse momento difícil que Christianne encontrou uma nova esperança em um projeto de horta comunitária, chamado The Garden Project. O projeto oferece aos moradores de rua a oportunidade de aprender sobre jardinagem, cultivar alimentos orgânicos e socializar com outras pessoas.
Christianne diz que o voluntariado na horta comunitária salvou sua vida, pois ela se sentiu útil, valorizada e acolhida. Ela também conseguiu reduzir o consumo de álcool e recuperar a autoestima.
“Eu amo a horta. É o meu lugar favorito no mundo. É onde eu me sinto em paz, onde eu me sinto feliz, onde eu me sinto parte de algo”, afirma ela.
Hoje, Christianne tem 63 anos, a mesma idade que seu pai tinha quando morreu. Ela diz que se sente orgulhosa de ter superado os obstáculos e que espera inspirar outras pessoas com sua história.
“Eu não sou mais a filha de Innes Ireland: sem-teto e viciada em álcool. Eu sou a Christianne, uma mulher forte, independente e feliz”, declara ela.
Fonte: G1