Quando pensamos na influência dos Estados Unidos, é comum imaginar sua força política, militar e diplomática. No entanto, o real poder americano vai muito além disso, ele está enraizado em algo muito mais silencioso e estratégico: o controle sobre a infraestrutura global.
Esse conceito se refere ao conjunto de serviços, plataformas e sistemas que sustentam a vida digital, financeira e comunicacional no mundo moderno. Pense nos aplicativos que você usa todos os dias: WhatsApp, Gmail, Instagram, Facebook, YouTube. Pense também nos dispositivos, como iPhones e outros smartphones Android, e até em serviços invisíveis, como sistemas de crédito ou plataformas de computação em nuvem. A maioria dessas ferramentas é operada ou regulamentada por empresas e instituições baseadas nos Estados Unidos.
Isso significa que, mesmo sem tropas ou tratados, os EUA possuem uma capacidade de influência global única, porque controlam os meios pelos quais o mundo se comunica, trabalha, consome e transaciona.
Um exemplo claro dessa influência é o uso da Lei Magnitsky, sancionada em 2012 e expandida posteriormente. Essa legislação permite que os Estados Unidos apliquem sanções individuais a pessoas de qualquer país acusadas de corrupção ou violação de direitos humanos. Mas essas sanções vão muito além de um bloqueio político: elas podem incluir o congelamento de bens, proibição de uso de plataformas digitais, exclusão de redes financeiras internacionais, e até a interrupção do acesso à economia digital global.
Ou seja, basta um clique para que alguém seja, na prática, removido do mundo moderno, sem precisar de guerra, ocupação ou diplomacia.
Isso demonstra a verdadeira extensão do poder estrutural dos Estados Unidos: quem controla a infraestrutura, controla as regras do jogo. E, hoje, grande parte dessa infraestrutura é americana, de servidores a redes sociais, de sistemas bancários a aplicativos de mensagens.
Portanto, entender o papel dos EUA no cenário global exige mais do que observar suas ações políticas. É preciso enxergar a teia invisível que conecta o mundo e quem tem a chave do interruptor.
Fonte: Reportagem de Weslei Santos/ Cerrado em Foco