A Viação Novo Horizonte continua em atividade na Bahia graças a uma Medida Cautelar da Justiça estadual, que suspendeu decisão da Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações (Agerba) – autarquia vinculada à Secretaria de Estado de Infraestrutura de Transporte, Energia e Comunicação da Bahia – que no dia 16 de julho havia determinado a suspensão da concessão de 141 linhas que atende a 121 municípios baianos, alegando descumprimento de requisitos regulatórios, como falta de Certidões Negativas, descumprimento de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado em dezembro de 2024 com o Ministério Público da Bahia, além de deficiências operacionais, histórico de acidentes e 486 reclamações registradas em dois anos.

Apesar das irregularidades apontadas, a Empresa segue operando e acumulando novos episódios que colocam em risco funcionários, usuários e comunidades. O mais recente ocorreu na manhã do último dia 12, em Ibotirama, quando um ônibus da companhia foi consumido pelas chamas na Avenida Irmã Daniela, trecho urbano da BR-122/BA-160, próximo ao Terminal Rodoviário do Bairro São Francisco.

De acordo com informações, não havia passageiros no veículo. O motorista percebeu que o painel havia desligado e, ao descer para verificar, foi alertado por populares sobre o fogo na parte traseira, onde fica o motor. Ele tentou conter as chamas com um extintor, mas não obteve sucesso. O Corpo de Bombeiros Militar, dois Bombeiros Civis e um carro-pipa foram acionados e conseguiram apagar o incêndio, mas o veículo foi totalmente destruído.

Não houve danos a terceiros, mas o fogo atingiu a fiação aérea e deixou os Bairros São Francisco, Jardim Novo Tempo e Chichá sem conexão de internet por algumas horas.

O incêndio em Ibotirama soma-se a uma série de relatos de falhas mecânicas, atrasos e situações de insegurança que vêm gerando indignação entre passageiros e preocupação em municípios atendidos pela Viação Novo Horizonte. O episódio reforça a percepção de descaso com a qualidade dos serviços e pode fortalecer os argumentos pela suspensão definitiva da concessão da Empresa.

Especialistas em Transporte Rodoviário de Passageiros ouvidos sob reserva pelo JS, avaliam que o caso pode servir como evidência adicional para a Agerba e o Ministério Público, que buscam demonstrar o descumprimento de requisitos de segurança e pleitear junto à Justiça a revisão da medida cautelar que mantém a companhia em operação.

Outro lado

A reportagem do JS não obteve posicionamento da Empresa, que também não se pronunciou oficialmente sobre o episódio de Ibotirama.

O espaço permanece aberto, caso a Viação Novo Horizonte queira se manifestar.

jornal do Sudoeste