Ação do Ministério Público reverte liberdade provisória de Carlos Erlani, apontado como chefe de grupo armado envolvido em conflitos agrários e lavagem de mais de R$ 29 milhões.
Em um novo desdobramento da Operação Terra Justa, o Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA), por meio do Gaeco, cumpriu nesta terça-feira (23) um novo mandado de prisão preventiva contra Carlos Erlani Gonçalves dos Santos também conhecido como Cabo Erlano. A prisão ocorre após o Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) acolher um recurso que suspendeu a liberdade concedida anteriormente ao acusado.
A operação, que conta com o apoio da Força Correcional da Corregedoria Geral e da Polícia Militar, visa desarticular uma organização criminosa com características de milícia que atua há mais de uma década na região Oeste, com foco central em Correntina.
As investigações do MPBA desenham um cenário de grave instabilidade jurídica e social no campo. Carlos Erlani é apontado como o líder de um grupo que utilizava empresas de segurança privada como “cortina de fumaça” para atividades ilícitas.
Entre as práticas atribuídas à organização, destacam-se o uso de violência, ameaças e agressões para a expulsão de comunidades tradicionais, práticas coercitivas para garantir a posse de terras em disputas na região, Indícios de negociações de armas pesadas e execução de serviços de milícia armada.
Além da atuação violenta, a segunda fase da operação revelou um robusto esquema de lavagem de capitais. Segundo o Gaeco, entre 2021 e 2024, Carlos Erlani teria movimentado valores que ultrapassam R$ 29 milhõesmontante considerado totalmente incompatível com sua renda declarada.
O recurso apresentado pelo MPBA para garantir o retorno do acusado à prisão baseou-se no risco iminente à ordem pública e à integridade das vítimas e testemunhas. Para o Ministério Público, a liberdade do acusado permitia a rearticulação do grupo, comprometendo a instrução criminal.
Este caso reforça a premissa de que a segurança pública e a justiça não são favores institucionais, mas obrigações do Estado garantidas pela Constituição Federal. Em uma região marcada por tensões fundiárias como o Oeste Baiano, a aplicação rigorosa da lei é o único caminho para assegurar que o direito à propriedade e a dignidade das comunidades tradicionais sejam respeitados, sem a interferência de poderes paralelos.
Carlos Erlani permanece agora sob custódia, aguardando o julgamento dos processos relacionados à Operação Terra Justa. A decisão do TJBA é vista como um passo importante para a manutenção da paz social em Correntina e cidades vizinhas.